Por: Jaque Barbosa.
É
provável que esta história desbanque dois mitos que muita gente tem com relação
a viagens: 1) que viajar é caro; 2) que só é
possível quando não temos compromissos, como emprego e, principalmente, filhos. Martin
Glauer, de 30 anos, e a mulher Julie,
de 40, decidiram pegar nas bicicletas e correr o mundo durante um ano. Com eles
levaram Moses, Caspar, Turis e Herbie, os filhos.
O mais velho,
Moses, tinha cinco anos e o mais novo, Herbie, apenas 9
meses. Mas nem isso impediu este casal de cumprir o sonho de
viajar pelo mundo de forma sustentável. Martin, alemão, e Julie, canadense, se
conheceram em uma passagem pela Austrália e logo perceberam que as viagens
seriam parte de suas vidas. Foram viver na Alemanha e começaram a construir uma
família.
5 anos e 4
filhos depois, eles decidiram que tinha chegado o momento de pegar na bike e
partir. Para testar, fizeram uma viagem de preparação à Romênia para perceber
se os filhos tinham o espírito de aventura necessário. Como
eles se mostraram entusiasmados, o casal arriscou na aventura.
A
preparação física foi uma das preocupações de Martin e Julie, já que não é
qualquer um que consegue pedalar
35 quilômetros por dia a cerca de 20
km/h – a meta do
casal, levando os filhos atrás. Por isso, Martin correu algumas maratonas antes
da viagem e Julie fez pilates.
Acoplados a
cada uma das bicicletas, viajaram dois mini-trailers, sendo que duas das
crianças iam com a mãe e as outras duas com o pai (na verdade, o caçula ia na
cadeirinha, sempre com Julie, enquanto os outros 3 se revezavam). O mais bacana
é que as estruturas, feitas de lona, incluíam cinto de segurança e uma tela
para proteger do vento e dos mosquitos. As crianças tinham assim um lugar
privilegiado, e bem confortável, para descobrir o mundo.
E
como o mundo é grande demais para que o possamos conhecer numa só viagem, o
casal foi obrigado a fazer escolhas. Eles optaram por países mais planos e
tentaram sempre fugir do inverno, para carregar menos roupas e sacolas e para
facilitar o trabalho com as crianças e o próprio alojamento. A família preferiu
acampar do que ficar em hotéis ou pousadas. O alojamento em casa de famílias
locais foi outra das opções.
Martin e Julie
garantem ser mais barato viajar com os filhos desta
forma (mesmo
contando com as passagens de avião, que o mais novo não paga e o segundo paga
só metade) do que levar uma vida normal na
Alemanha, onde é preciso pagar renda da casa, combustível do
carro e aquecimento, entre outras despesas. Eles calcularam gastar em média 50
euros por dia, o que dá 22.500 euros no ano (pouco mais de 68 mil reais).
Os seis
partiram do Canadá, de onde seguiram para Estados Unidos, Guatemala, El
Salvador e Brasil (por aqui desembarcaram no Rio de Janeiro e foram até
Salvador, onde ficaram dois meses). Seguiu-se a Austrália, Nova Zelândia, e
depois Emirados Árabes, Omã, Índia, Tailândia, Camboja, China, Mongólia, Rússia
e mais alguns países europeus, num total de 20 países visitados. Voltaram a
Alemanha em julho de 2012, a tempo de Moses começar seus estudos, já com 6 anos
completados.
O casal nunca teve pressa de cumprir o
roteiro, que muitas vezes teve de ser ajustado às necessidades das crianças. É
preciso lembrar que todos eles eram bem novos e birras, enjoos ou simples
cansaço era alo que acontecida de vez em quando. A alimentação foi uma das
grandes preocupações dos pais, que andavam sempre prevenidos com água,
iogurtes, fruta ou pão integral. O que também não faltou foram
medicamentos, para coisas simples como uma gripe, mas também para doenças
típicas de alguns lugares, como a malária. Sacolas com roupa, a barraca para
dormir, uma pia, chuveiros portáteis, panelas, copos e um fogareiro fizeram
também parte do kit de viagem.
E então, você teria coragem de sair pelo mundo acompanhado de filhos
pequenos?