COMO
FOI O ENDURO WORLD SERIES CHILE.
Por Daniel Bender.
(Daniel
é sócio-proprietário da Hupi Bikes / www.hupibikes.com.br)
Acabou
a jornada, agora estou no voo Santiago/São Paulo e conto um pouco a minha
jornada para participar da primeira etapa do EWS 2014.
Final
do ano passado (2013) combinei com o Theo Duarte que iríamos participar da
primeira etapa do EWS no Chile. A proximidade do Brasil e a data foram
perfeitos para participar dessa nova febre que está contagiando o mundo.
As
inscrições abririam em Fevereiro e sabíamos que as vagas seriam limitadas. Pois
bem, chegou o dia da inscrição e foram esgotadas em menos de 5 minutos. Não
consegui fazer a inscrição e a brochada foi grande.
Passado
o dia, usei o meu networking e me conectei com um dos organizadores para deixar
meu nome na lista de espera. Até então já havia comprado a passagem, reservado
hotel, carro e tudo mais.
Demorou
mais de um mês e veio a minha confirmação da inscrição.
Agora
sim... Quase tudo 100% para a minha primeira participação no Campeonato Mundial
de Enduro, o Enduro World Series em Nevados de Chillan, distante 5 horas de
carro de Santiago.
Eu,
Theo Duarte, Leonardo Dias e Hélio Nassarala embarcamos numa terça feira rumo à
cidade de Concepcion, segunda maior cidade do Chile.
Chegamos
em Concepcion e fomos retirar o carro alugado. Demorou um pouco e seguimos
viagem, cerca de 2 horas até Termas de Chillan, local onde iria acontecer a
prova. Adentramos ao hotel as 21:00. Jantamos um rango top no hotel e cama.
A
quarta feira montamos as bikes e fomos conhecer a região. Na montanha onde
estávamos, Nevados de Chillan, tem um bike park que está começando. Fiquei
impressionado com as trilhas que encontramos.
O
lift estava desligado e fizemos 5 quedas usando as pernas para subir a
montanha... Mal sabíamos que esse pedal
iria prejudicar um pouco nosso role no final de semana.
Quinta
cedo era a retirada do kit e começavam os treinos livres. No total da prova
iríamos andar 6 especiais, sendo 3 por dia. Na quinta feira, após a retirada do
number plate, o treino seria nas especiais 1,2 e 3. Nessas especiais iria rolar
o Day 1 no sábado. Na sexta o treino seria nas especiais 4, 5 e 6 que iríamos
correr no domingo.
Vou
explicar abaixo um pouco especial por especial para ficar mais fácil o
entendimento.
DAY 1.
Especial 1 – Candonga.
Deslocamento
no pedal de 25 minutos.
Segunda
parte teleférico mais uns 10 minutos.
Especial
rápida, primeira parte com curvas difíceis em terreno solto com muita pedra. A
segunda parte era dentro da mata inclinada com paredes e singles bem técnicos.
Um pouco de pedal no final e mais uma sessão de single tracks em pedras no
final.
Brasileiros na
especial:
Thiago
Velardi - 4:00.99.
Daniel
Bender - 4:22.14.
Theo
Duarte - 4:26.40.
Yuri
Bogner - 4:56.33.
Luciano
Lancelotti - 5:50.96.
Leonardo
Dias - 5:54.49.
Especial 2 - Garganta
del Diablo.
Deslocamento
de 1 hora e 10 minutos de empurra bike e bike nas costas.
Uma
das trilhas mais loucas que já tive a oportunidade de andar. Linda... No começo
bastante pedal em terreno solto... Pesado para pedalar, em seguida entrava-se
na mata e uma mistura de curvas com paredes, pedras, partes inclinadas com
muita pedra e raiz. Uma especial muito física onde o mais importante era manter
o momentum. Um pouco difícil para os brasileiros, pois não conseguimos decorar
essa longa especial.
Brasileiros na
especial:
Thiago
Velardi - 12:24.22.
Theo
Duarte - 13:11.89.
Daniel
Bender - 13:16.54.
Yuri
Bogner - 14:00.18.
Helio
Nassarala - 14:11.42.
Leonardo
Dias - 14:40.23.
Luciano
Lancelotti - 17:02.69.
Beatriz
Ferragi - 17:49.72.
Especial 3 - Dakar.
Deslocamento
de 40 minutos de pedal na serra que liga Las Trancas a Nevados de Chillan mais
25 minutos de pedal ( mesmo deslocamento da E1) para chegar ao lift. Mais 10
minutos.
DH
total. Largada em alta velocidade num estradão com muitas pedras, uma parte
técnica e perigosa que ligava a uma espécie de avenida. Pista larga, terreno
solto e alta velocidade até entrar novamente no mato. Um mix com curvas bem
técnicas, mas com um grip top. Depois dessa mata um sprint em subida para
entrar numa das pistas do bike park. Guardadas as devidas proporções uma mini A
Line com duplos e paredes até o final, com mais uma reta de pedal.
Brasileiros na
especial:
Thiago
Velardi - 4:02.40.
Daniel
Bender - 4:28.24.
Theo
Duarte - 4:35.30.
Helio
Nassarala - 5:10.68.
Yuri
Bogner - 5:15.26.
Leonardo
Dias - 5:15.44.
Luciano
Lancelotti - 6:07.03.
DAY 2.
Especial 4 - Valle
Hermoso.
Lift
até o Hotel Alto Vale Nevados e 45 minutos de empurra bike. A especial mais
fácil em termos técnicos do evento. Trajeto bem no estilo DH e no final muito
single track com muita retomada e pedal.
Brasileiros na
especial:
Thiago
Velardi - 5:50.51.
Theo
Duarte - 6:16.06.
Daniel
Bender - 6:19.46.
Leonardo
Dias - 7:17.87.
Helio
Nassarala - 7:22.77.
Yuri
Bogner - 7:42.83.
Beatriz
Ferragi - 8:04.38.
Luciano
Lancelotti - 8:24.98.
Especial 5 – Olímpico.
Deslocamento
de 35 minutos empurrando a bike. O circuito Olímpico com certeza foi o que teve
menos descida. Boa parte dele anda por um circuito de XC bem técnico. O começo
é bem inclinado com alguns off camber que são cercados por ribanceiras enormes.
Se o atleta caísse iria demorar muito tempo para retornar a pista. Esse
percurso também era o que mais havia subidas curtas com retomadas. No final
muito single track e pedal. Estágio super cansativo.
Brasileiros na
especial:
Thiago
Velardi - 6:31.41.
Daniel
Bender - 7:12.07.
Theo
Duarte - 7:12.47.
Helio
Nassarala - 8:16.57.
Leonardo
Dias - 8:17.00.
Yuri
Bogner - 8:51.62.
Luciano
Lancelotti - 9:38.53.
Beatriz
Ferragi - 10:43.24.
Especial 6 – Candado.
Deslocamento
de 3 km de trilha de XC, com várias subidas em curva e muita pedra e depois
mais 25 minutos de subida até chegar ao teleférico. Depois cerca de 40 minutos
de teleférico até 2700 metros de altitude. Largada no meio da neve com a
primeira sessão com muita pedra solta em solo vulcânico. Lindo.... O segundo
trecho era no meio da floresta colorida do Chile, muitas curvas rápidas onde
deixar a bike embalada era a melhor escolha. O trecho final começava com uma
parte muito inclinada com terra solta para acabar com os braços, logo depois
uma sessão final de rock garden e single track já na base da montanha com
algumas subidas e pedal até a chegada.
Brasileiros na
especial:
Thiago
Velardi - 9:31.51.
Theo
Duarte - 10:08.10.
Daniel
Bender - 11:06.20.
Leonardo
Dias - 12:09.07.
Yuri
Bogner - 12:24.06.
Luciano
Lancelotti - 15:31.31.
SALDO FINAL...
ANIMAL!!!
Trilhas
muito bem feitas e trabalhadas, atmosfera e vibe perfeitos, amigos ao redor,
excelente hospedagem e alimentação. Quando você é obrigado a se deslocar ao
topo da trilha com sua própria força e capacidade, a sensação da descida se
torna mais vibrante e emocionante, pois você mereceu, depois de tanto esforço
aquele momento, aquela sensação. Definitivamente nunca irei esquecer o estágio
#2 do primeiro dia e o estágio #6 do segundo. Incrível.
Se
fosse dar alguma dica, eu comentaria a respeito do vestuário, reposição de
líquido e alimentação. No Chile em específico era obrigatório ter sempre a mão
uma jaqueta corta vento para se manter aquecido nos intervalos. O frio que lá
fazia consome muita energia e você não acaba percebendo, por esse motivo a
hidratação também foi fundamental. Nos DAY 1 levei 500ml nas costas e 500ml na
bike e mudei para o DAY 2 quando somente levei a caramanhola Ia enchendo ela no
Pit Area durante os deslocamentos. Dessa forma salvei algum peso e foi
importante.
Os
deslocamentos foram apertados. Quem teve problemas mecânicos com furo de pneu
ou problemas na corrente, etc... Tiveram que acelerar na subida para não perder
os horários de largada. Por esse motivo nos treinamentos também é importante
você fazer os deslocamentos numa pegada média para não se perder com o tempo no
dia da prova.
Todos
Europeus que fizeram a temporada do EWS 2013 falaram que o evento foi bem
"pesado" nessa questão... Os deslocamentos justos, especiais longas,
pegaram pesado no condicionamento físico dos atletas. Tinha que estar muito bem
preparado para fazer os deslocamentos e descansar o máximo possível para fazer
as especiais acelerando.
Os
chilenos tiveram uma vantagem, pois já conheciam muitas das pistas dos estágios
especiais.... Isso vai acontecendo com a maturidade do esporte, pois o Enduro
no Chile já acontece há 6 anos. Também muitas pistas que andamos fazem parte do
circuito chileno de DH, como a especial 3, a Dakar que é a pista do Chileno de
DH. Para a gente que foi lá e desceu apenas uma vez em cada pista faz uma
enorme diferença e desequilibrou o resultado final.
O
que vale no Enduro é o ponto de equilíbrio do role. “Não pode virar passageiro,
mas também não pode andar muito na boa, pois o keep the momentum” é o que faz a
soma dos tempos.
Parabéns
a todos os brasileiros que estavam presentes... especialmente aos amigos que
foram na mesma trip. Theo, Leo e Helinho... valeu a parceria... Tio Kdra, Bia,
Yuri e feio... Representamos... Agora o pessoal já nos conhece também como
endureiros pelo mundo a fora!
Vida longa ao Enduro e 2015 estamos colados novamente.
Classificação Final
dos brasileiros:
Thiago
Velardi - 62 Elite PRO.
Theo
Duarte - 14 Master A.
Daniel Bender - 19 Master A.
Yuri Bogner - 50 Master A.
Leonardo
Dias - 10 Master B.
Luciano
Lancelotti - 16 Master B.
Helio
Nassarala - 2 Master B Promo.
Beatriz
Ferragi - 2 Damas Light.
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